sexta-feira, 17 de junho de 2011

O GRAUNA EM JUNHO - INFORMATIVO


Data dos encontros do Graúna neste mês:



Dia 26 /06/ 2011 (Domingo)

Local: O tradicional Sítio do Paulo.

Objetivo: mutirão para melhorias e preparativos para a recepção do Presidente da FBrN e ao pernoite de 9 e 10 de JULHO!

ATIVIDADE externa de JUNHO

O Graúna participa da MARCHA PELA LIBERDADE, que ocorre dia 18 de Junho, sábado, às 14:00h, com concentração no Parque dos Bilhares.
 

DATAS IMPORTANTES DE junho

18 – Marcha Pela Liberdade

26Encontro do Graúna



“Eu sou aquele(a) Nu(a) que você viu vestido de coragem” (Sarah Khalo)

SINERGIA E A NUDEZ NA DANÇA



Assisti dia 12 de junho, dia dos namorados, a um vigoroso trabalho performático de dança intitulado SINERGIA, do Corpo de Arte Contemporânea, com direção e pesquisa de movimento de Marcos Tubarão e Odacy Oliveir, este último sendo o intérprete solo deste ousada e dinâmica apresentação que lembra também um happenning de extrema habilidade. A nudez é completa, do início ao fim da obra, onde um corpo alvo é pintado e conduzido em plataformas que se movimentam de forma circular, um corpo que Nu ocupa a cena e que convida aos espectadores a também fazerem parte dela, como pintores que se aventuram a tingir este corpo nu nas paletas transformadoras do ser, corpo nu que grita, se agita, estaciona, se contorce e que descobre a cada novo movimento um jeito especial de sobreviver. Um homem Vetruviano deste Leonardo da Vinci que habitou este último andar do Teatro da Instalação em Manaus, e que viu crianças temerosas, mães apreensivas, mas que mesmo assim continuou sua luta em busca de uma liberdade além da pintura de seu corpo em estado natural. A sonoplastia forjada por Marcos Tubarão é inebriante, feita de ruídos e de experimentações sonoras que nos envolvem e nos lançam à cena de um maneira gradual, daí a sinergia que se estabelece entre artista e público, e mesmo os mais puritanos percebem que ali aflora algo novo neste manancial da arte, novo aqui no sentido de uma grata sensação que busca nos tirar deste conforto, e aqui temos a desconstrução da fala oficial que se dilui em reverberações sinistras, dando um recado-ordem que é na verdade um elemento fantasmagórico ou um “memento mori” ao cidadão, voz tentacular e cavernosa deste opressor estatal, e para quem tem ouvidos, ouça, estamos contaminados de forma talvez irreversível por ecos desta voz patronal, e aqui SINERGIA entra com esta contribuição ao apelo crítico a partir da performance de Odacy Oliveira e Marcos Tubarão. A sobrevivência neste caótico ambiente não está a prova de disfarces, por isso a nudez emergencial do artista, por isso este desnudamento dentro das esferas, das plataformas circulares, e um espelho que não se utiliza nos interroga a todo momento sobre o que e enxerga, e quem nos enxerga. AO artista performático cabe este ousar, esta entrega de seu corpo aos olhares curiosos, aos olhares saudosos, aos olhares de aprovação ou reprovação, pois nem todos estão aptos a este desnudamento, ao aceitar a nudez como forma natural do ser humano, deste ser humano que SINERGIA  coloca em seu lugar de factível, de que pode e deve, com certeza, ser passível de um erro, de um limite, de um processo que não se completa ali, naquele instante, e isso é voltar ao “memento mori”. Há esta fluidez na mensagem, e as cenas que podem ser improvisadas na verdade nos causam esta sensação de organicidade, de fio condutor da trama ou do trauma, desde o momento dos primeiros ruídos e experimentos de Marcos Tubarão, perpassando pelos vídeos projetados na parede e na lateral da sala do homem nu, da nudez encarada de frente e por todos os lados. Estranheza? Talvez pelo fato desta nudez não vir acompanhada de sexo, o que torna vulgar qualquer intervenção artística que tenha um corpo nu a olhos vistos. Há de se acostumar este público ao nu natural, por isto que SINERGIA também deve ter seu mérito colocado aqui, além do trabalho de Odacy Oliveira e Marcos Tubarão, que ousaram “pintar o sete”, seja numa gravação oficial de chamada estatal, que inclusive já adentrou de forma subliminar em nossas pacatas e passivas mentes, seja num evento que congrega música aleatória, improviso corporal e a salutar nudez que nos pinta da cor de nossa pele e nos faz um pouco mais humanos por baixo destas roupas que muitas das vezes não dizem nada de nós, apenas disfarçam situações de classe e de desejos, muitos dos quais ocultos.



Jorge Bandeira




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