sábado, 2 de julho de 2011

POEMAS NATURISTAS

 Nua segue íngreme na busca da felicidade longe da triste cidade, recolhendo pelo caminho de sua nudez os pedaços de seres têxteis, dos restos civilizatórios que se amontoam pelo caminho da estradas gananciasas pelo sucesso fútil. A nua mulher em seu traje de si mesma pacientemente acolhe os artefatos largados na trilha da natureza agredida. A nua enquanto sua recolhe restos, restando a nós um cordial agradecimento por sua bondade natural, por sua natureza nua que é feita de um altruísmo que se recolhe aos pedaços em meio a toda lixeira civilizatória.
 No outro momento, depois de despida deste lixo evasivo, a nua heroína limita-se a deslumbrar o horizonte litorâneo, na busca da eternidade da qual o poeta Rimbaud clamou um dia: a eternidade é o encontro do Sol com o Mar...em seu semblante pensativo e apreensivo a nua compreende que está só, que a ajuda têxtil é por vezes fortuita, gratuita no sentido enganoso, de vestes que pensam em seu corpo nu feito uma mercadoria exposta, numa espécie de feira fatal dos olhos monstruosos...
 ...e nisso a nua descansa, pois a nudez, está sua eterna companheira dos dias, também se cansa...
E eis que uma nova jornada nua se iniciará, neste mundo onde a natureza, entidade transformadora
e transgressora, jamais se conformará. Tal a veste, que sabe-se, não quer perder seu posto milenar, em
detrimento de uma nudez exemplar, que nunca, em nenhuma época da civilização, a deixará descansar. A roupa sempre estará nas esquinas onde a nudez desta mulher nua pontificar. Um duelo de
consciências e de exigências eclodirá, e a liberdade da nudez, mais uma vez expulsa do Éden, alguns naturistas chamará.

3 comentários: