domingo, 16 de janeiro de 2011

LUZ DEL FUEGO: A Pioneira do Nudismo no Brasil





Jota Bandeira
TRANSLÚCIDA LUZ


O Louco: “Dia virá em que não haverá tecelões e ninguém para usar roupas. Todos nós ficaremos nus sob o Sol”.

(primeira fala deste personagem no início do texto “Lázaro e sua amada”, de Kahlil Gibran, em sua única obra escrita para o Teatro).

“Nu saí do ventre de minha mãe, e nu tornarei para lá” (Livro de Jó 1-21)
“Nu eu nasci, e nu me encontro: não perco nem ganho” (Miguel de Cervantes)
ESTE CORDEL É DEDICADO A JOÃO CARLOS e EDVAL FONSECA.



1


Amigos de todo Brasil

O relato que vou contar

Dá conta de certa mulher

Corajosa no seu lutar

Batalhou por uma nobre causa

Sua bravura foi exemplar



2



Ela era idealista

Disso eu tenho a certeza

Percalço encontrou na vida

E nela não teve moleza

Lutou pelo nudismo

Entrou na causa com firmeza



3



Nasceu como Dora Vivacqua

Há muito tempo atrás

Em 21 de Fevereiro de 1917

Não esqueço a data jamais

Quando nasceu Luz Del Fuego

Para o nudismo e seus ideais



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Era uma capixaba

Natural do Espírito Santo

Da cidade do Rei Roberto Carlos

Dois artistas do mesmo canto

Dora iria ser Luz Del Fuego

E como Roberto causaria espanto



5



Cachoeiro do Itapemirim

Era sua cidade natal

Amava sua irmã Mariquinhas

Que para ela não tinha igual

Mariquinhas era musa de Drummond

O nosso poeta genial



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No começo dos anos 20

A família Vivacqua se muda

Escolhe Belo Horizonte

Para continuar sua luta

A nossa futura Luz

Começa a ficar desnuda



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Foi necessária uma ajuda, que

Um serpentário lhe inspirasse

Para que Dora Vivacqua

Das serpentes se aproximasse

E seus posteriores números

E musicais, a todos arrebatassem



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Conheceu nossa menina

O Instituto Ezequiel Dias

Seu passeio predileto

Muitas vezes foi com as tias

Vislumbrar aquelas serpentes

E nos seus olhinhos brotavam alegrias



9



A bolsa de Nova York quebrou

Era 1929, ano do famoso Crack

O capitalismo pedia socorro

Quem for pobre que se esmague

Os Vivacqua voltam pra Cachoeiro

Cidade que só possuía um parque



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Etelvina, mãe de Luz

Ficou perto de Antônio, seu marido

O pai de nossa futura Luz

Era um homem embrutecido

E jamais permitiu às filhas

Que ficassem nuas, sem vestidos



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Dora Luz entra na adolescência

Demonstrando um gênio forte

Não agüentava desaforos

E também tinha muita sorte

Ordens e opiniões só aceitava

Se na sua vida não fizessem cortes



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Mesmo jovem já andava nua

E escandalizava toda meninada

No quintal da casa brincava

Como Deus a fez, pelada

Não gostava de usar roupas

Que ficavam dias sem serem lavadas



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Em agosto de 32, seu pai Antônio

É assassinado por inquilinos de seus terrenos

A pacata Cachoeiro estava perigosa

A morte não os deixou serenos

Etelvina volta para Belo Horizonte

Buscando para família ares amenos







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Dora Vivacqua, futura estrela

Sente-se sufocada com tantos atritos

Sua vida seria na cidade maravilhosa

Onde ela poderia soltar seus gritos

E pela liberdade da nudez

Planejar inclusive seus escritos



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Sua meta era o Rio de Janeiro

Que ela não tirava da visão

Apesar de seus poucos 15anos

Pensava no Rio em chegar de avião

Só sossegava quando a cabeça

Sonhava com a Guanabara, sua paixão



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Dora odiava usar sutiã

Ela gostava era de estar nua

Pela praia de Marataízes

Improvisava as roupas suas

E isso quando o biquíni

Não existia, não se via nas ruas



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Chega na Capital Federal

Sob a tutela de seu irmão Attilio

No Rio Dora se transforma

Adorava jogar seus brilhos

A gênese do nudismo no Brasil

Começa a assentar seus trilhos



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Com 19 anos vive um romance

Com tal José Mariano

De família importante no Rio

Coisa que não agradou seu mano

Foi por isso que Attilio, seu irmão

A mandou de volta para Minas, sem engano



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Em Minas uma desgraça acontece

Sua irmã Angélica, atônita

Flagra seu marido Carlos com Dora

Numa visão que lhe deixa afônica

Ele bolinava Dora, a seduzia

Numa cena forte, crônica



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A família fica a favor de Carlos

E considera Dora mentirosa

No Hospital Psiquiátrico Raul Soares

A confinam de maneira dolorosa

É tida como esquizofrênica

E por dois meses sua vida ali será pavorosa



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Preocupado com a irmã Dora

Depois que ela saiu do internamento

Seu irmão Achilles lhe faz um convite:

Vá para fazenda de Archilau ter novo alento

Lá você vai respirar um ar puro

Vai descobrir novos encantamentos



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E na fazenda de seu outro irmão

Dora aparece como Eva

Coberta somente com 3 folhas de parreira

Caminhando naturalmente na selva

O filho do administrador a viu nua

E nem precisou se esconder atrás da relva



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Aquilo Archilau não aceitou

E por ele Dora foi repreendida

Ela não contou duas vezes

Jogou-lhe um vaso na cabeça partida

Aquele ato trouxe-lhe conseqüências

E lá vai Dora pra outro hospício, ressentida



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Agora nossa Dora Vivacqua

Que será conhecida como Luz Del Fuego

É internada no famoso hospício

Casa de Saúde Dr. Eiras, no desassossego

Seu espírito rebelde produzia vôos

Imprevisíveis como os do morcego



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Dessa vez é sua irmã querida

Por quem tem uma profunda admiração

Que resgata Dora do hospício

Levando-lhe para outra estação

Em sua cidade de Cachoeiro

Mas Dora foge desesperada e chega ao Rio num lotação



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Dora no Rio de Janeiro

Reata sua relação com Mariano

Sem oficializar sua união

Era livre e não queria nenhum dano

Para sua vida pelo casamento

Não queria entrar pelo cano



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Tentou ser pára-quedista

Porém Mariano a impediu

Aceitou e viu no pedido dele

Uma demonstração de amor juvenil

Como aquele de ideais

De paixões, de uma vida pueril



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O amor furacão de Mariano

Só agüentou algumas estações

Até que Dora resolve entrar na dança

Que todos sabem era uma de suas paixões

O ciúme doentio de Mariano

Começará a lhe trazer aporrinhações







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Mas ela não desistiu da dança

E na Academia Eros Volúsia

Continuou seu curso brilhante

Dançando com muita astúcia

Não deu a mínima ao ciúme de Mariano

Era uma leoa por dentro de um ser de pelúcia



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E assim acontecia

Na vida desta de nome Dora

Porém Luz Del Fuego irá chegar

E é pra já e agora

Uma nova fase em sua vida

De Dora o nome ela joga fora



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Era o ano de 1944

Faltando mais um para a Guerra acabar

Que um nome começa a aparecer

Luz Divina espera triunfar

E no circo Pavilhão Azul

O público irá lhe aclamar



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Atenção, senhoras e senhores

Vejam só que mulher exótica

Carrega suas incríveis serpentes

Vejam, isso não é ilusão de ótica

É a corajosa bailarina Luz Divina

Com cobras verdadeiras e não robóticas



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Era a maior atração do circo

Nas noites de espetáculos

Luz garantia um bom público

A casa lotava sem obstáculos

Para ver Luz e suas jibóias

Que fazia inveja aos homens másculos





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Era toda encantamento

A sua dança provocante

Na companhia de duas cobras

Seu número ficava mais excitante

Cornélio e Castorina, ora vejam

Eram os nomes dados àquelas rastejantes



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Quando termina a 2A Guerra Mundial

Dora anotava tudo em seu diário

Suas experiências pessoais, viscerais

Dariam boas matérias para um noticiário

Era o começo do que viria a ser

Um livro que não tirou de seu imaginário



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Sim, podem ter certeza

Nossa artista era sedutora

Seu livro “Trágico Blecaute”

Foi lançado por uma editora

Mulher de muitas virtudes

Nossa nudista maior era escritora



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Em 1947, por sugestão de um amigo

Que era palhaço e se chamava Cascudo

Luz Divina virou Luz Del Fuego

“Nome estrangeiro atraía público graúdo”,

Tanto insistiu Cascudo com Luz

Que seu nome artístico teve um novo atributo



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Luz Del Fuego era o nome

De um batom argentino novo

Que apareceu no Brasil nessa época

De brilho forte e vistoso

Era chamativo como nossa estrela

Que foi artista num período majestoso



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O fogo era representativo

Pois sua vida era uma labareda

Sua nova opção de vida

A fez conhecida nas alamedas

A Vivacqua “água viva”

Deu lugar ao Fuego e sua destreza



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Trabalhando em vários circos

Luz os ajudou com as “casas cheias”

Livrando da falência muitos deles

Fez muita gente ganhar o seu “pé de meia”

E assim ia levando a vida

De artista nos palcos tecendo teias



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E como boa fiandeira

Conseguiu um bom contrato

No Teatro Follies

Onde representou mais de um ato

Naquela Copacabana ensolarada

Luz viu nascer seu estrelato



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Um garoto de 12 anos

Era responsável pelas falas e apontamentos

Que Luz jamais decorava por inteiro

Ela improvisava sem ressentimento

O nome deste menino? Daniel Filho, ele mesmo

Que na Rede Globo foi um grande talento



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A imprensa alardeou

O espetáculo “Mulher de todo mundo”

Luz Del Fuego era sensação

Sua família sentia no fundo

Que toda essa fama de artista

Para seus inimigos poderia virar um trunfo



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Seu irmão Attilio era senador

E esse “ba-fa-fa” não era bom

Ter uma irmã que dançava nua

Em seus ataques esse seria o tom

Esses políticos nunca entenderiam

O que é uma artista ter um dom



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Iluminar e dar alegria ao povo

Seria a missão dessa bailarina

Que em seus números ficava seminua

O braço do povo seria sua sina

E com isso seu irmão senador

De bondoso passou a ranzinza



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Attilio não perdeu tempo

Para abafar qualquer reboliço

E do livro de Luz “Trágico Blecaute”

Da edição primeira deu um sumiço

Queimando mais de mil exemplares

Parecendo um inquisidor suíço



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O diário escrito por Luz

Trazia fatos comprometedores

Como a sedução do cunhado

Que de Luz foi uma das dores

Sem contar uma assumida prostituição

Que pelo livro criava dissabores



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Contando esta história

Vocês irão me dar razão

Uma pessoa só vence na vida

Com amor e dedicação

Mesmo que seja pelo nudismo

Que no Brasil sofre discriminação



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Os anos 50 estão chegando

E nossa artista se consolidando

A naturalista e vegetariana

A passos largos vai andando

Criando fama e admiração

Também seus inimigos vão tramando



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Contra ela falam de tudo

De depravada a pessoa devassa

E nisso essa mulher de fibra

Esperneava e achava graça

Suas idéias eram originais

Sua arte a todos abraça



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Com o lançamento de seu livro

O já falado “Trágico Blecaute”

Suas intervenções serão lidas

Começarão novos embates

Os defensores da falsa moral, puritanos

De Luz farão o alvo de seus disparates



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Para nossa defensora

O nudista é aquela pessoa

Que acredita que as roupas

Com toda pompa de quem a veste ressoa

Não significa moralidade

E desta falsa visão ela caçoa



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Não acha que o corpo humano

Que é considerado por muitos profano

Tenha partes indecentes

Que se precisam esconder com pano

E disso estava tão convicta

Que não demonstrava desengano



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No Brasil daquela época

Onde até o maiô era imoral

Imaginem vocês, leitores

O que Luz deve ter feito para ganhar moral

E fazer com que o nudismo

Entrasse na discussão nacional



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Começou então Luz Del Fuego

A reunir um grupo de amigos

Na praia de Joatinga, deserta

Onde praticava naturismo aos domingos

Levava alguns cães para proteção

E seus amigos Lana, Gilda e Domingos



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Miss Lana e Miss Gilda

Eram transformistas assumidos

Domingos Risseto era artista

De Luz eram muito queridos

Estes pioneiros do nudismo

Eram naturistas aguerridos



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Para garantia contra os abelhudos

Que perturbam sempre os pelados

Levava também suas serpentes

Cornélio e Castorina sempre ao seu lado

Para evitar um maior atrevimento

Dos que acham o corpo humano um pecado



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Apesar de todo cuidado

A polícia sem engano

Vez por outra levava

A todos nus num ato insano

Para delegacia de bons costumes

Sem terem feito nada de leviano



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Seu segundo livro é lançado

Chama-se “A Verdade Nua”

O título já dizia tudo

O nudismo é uma bandeira sua

Ele lhe dá evidência

Seu nome de novo ganha as ruas



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É um livro autobiográfico

Feito com toda dedicação

As bases da filosofia naturista

Estavam entrando em ação

Até o integralista Plínio Salgado

Ao posfácio deu sua contribuição



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Foi outra obra perseguida

Sofrendo com a censura

As autoridades a bloquearam

Levantando suas injúrias

Ninguém achava o livro

Só no reembolso sua compra era segura



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Já conhecida no Brasil inteiro

Luz levava todos ao delírio

Era o tempo das vedetes

Mulheres que aos olhos eram colírio

Mara Rúbia, Virginia Lane e Dercy Gonçalves

Todas figuras de intenso brilho



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No mundo das vedetes

Luz Del Fuego brilhava

Foi na época de Elvira Pagã

Sua maior rival, que admirava

Época de grandes espetáculos

Nos anos 50 ninguém as vaiava



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Foi capa de revista famosa

A LIFE dos Estados Unidos

Todos queriam sua presença

Seu cachê era garantido

Caprichava nas apresentações

Onde seu corpo era exibido



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Sua vida era agitada

E disso tirava proveito

Nunca se amedrontava

Peitou delegado, juiz e até prefeito

Tudo lutando pela causa

Do nudismo que para ela era perfeito



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Seus irmãos se davam bem

Na política, comércio e no social

E achavam que Luz Del Fuego

Manchava seus nomes como um vendaval

Que passava destruindo tudo

Até mesmo o baluarte da falsa moral



67



Attilio como senador

Era o que mais se sentia difamado

Por ser irmão da famosa artista nua

Os adversários o haviam caçoado

Perdeu uma eleição por isso

A oposição o havia molestado



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Diziam que sua irmã

Era uma mulher do demônio

Que dançava nua nas ruas

Acabando com o matrimônio

Attilio ficou furioso

E perseguiu Luz e seu patrimônio



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Com tanta perseguição

Luz resolveu revidar

Antes de ser surrupiada

Nua ameaçou dançar

Nas escadarias do senado

Fazendo Attilio se calar



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Em matéria de dinheiro

Falava ironicamente de seu jeito

Que seu banco preferido

Tinha o nome de preconceito

E era mantido por seus irmãos

Que mazelas a tinham feito



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Enquanto isso acontecia

Luz continuava na vida animada

Cercava-se de amigos gays

Seus shows eram festas lotadas

Sempre com seu parceiro de palco

Domingos Risseto, camarada



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O grande feito político

Na vida desta figura

Foi criar um partido nudista

Que seria banido pela censura

O Partido Naturalista Brasileiro

Que no nudismo tinha lisura



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Angariava fundo ao PNB

Dançando nas escadarias

Do grande Teatro Municipal

Seminua ouvindo baixarias

Dos falsos puritanos de plantão

O que só aumentava suas estripulias







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O PNB não durou muito

Nem mesmo foi registrado

Graças à ação de Attilio

Seu irmão desalmado

Que tudo fez para o Partido

Seu registro ter sido negado



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O legado do naturismo

Filosofia e ética de vida

Onde todos estão nus

A nudez é coletiva

Faz com que Luz

Tivesse uma nova iniciativa



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E Luz não estava parada

Mesmo com o fim do partido

Seduziu o Ministro da Marinha

Um velho seu conhecido

Os passos estavam dados

Para sua ilha de nudismo ter surgido



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Ganhou assim a cessão

Da Ilha Tapuama de Dentro

O porto seguro do nudismo

Que para os pelados era um alento

Ali o nudismo brasileiro

Existia com bons ventos



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Logo a Ilha foi batizada

Como Ilha do Sol, um paraíso

Nome dado por Luz Del Fuego

Que do nudismo fez um atrativo

Todos por ali sabiam

Ficar nu na Ilha não era ato apelativo



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A Ilha do Sol ficou famosa

Virou atração na Cidade Maravilhosa

Mesmo não fazendo parte

Do turismo, era não oficiosa

Por ali passaram as estrelas

Com suas famas luxuosas



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Lendas do cinema americano

Passaram pela famosa ilha

E só entravam nela nus

Mesmo que fossem em família

Dos velhos às crianças

Andavam pelados em suas trilhas





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No final dos anos 50

A ilha teve seu apogeu

Recebendo inúmeros sócios

De famosos artistas àqueles que ninguém conheceu

Suas festas, reuniões e filmagens

A prática do nudismo fortaleceu



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De Errol Flynn

A Lana Turner, astros

A todos acolhia

Suas roupas não deixavam rastros

Ficavam nus com alegria

E ainda faziam bons gastos



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Ava Gardner belíssima

Tyrone Powell magistral

Conheceram a Ilha do Sol

E para lá levaram alto astral

Viveram nus bons momentos

Acharam o local monumental





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César Romero aportou

Glenn Ford caminhou

Andaram nus na Ilha do Sol

A imprensa até noticiou

Luz estava feliz

Seu sonho se realizou



85



Até Brigitte Bardot

Na época uma musa do cinema

Esteve nua na ilha

O que pra ela não foi problema

Era uma nudista conhecida

Ficar nua não era um dilema



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O fato mais pitoresco

Aconteceu com Steve MacQueen, o ator

Que levou um baita susto

Ficando de toda cor

Acordando com a Jibóia de Luz

Em cima de seu peito com pavor



87



Já com a loira atriz

Jayne Mansfield exibida

Aconteceu uma rejeição

Pois ela não quis ficar despida

E Luz não abriu exceção

Deu-lhe um adeus de despedida



88



Os anos 60 chegavam

E Luz estava envelhecendo

Seus amantes ricos influentes

Aos poucos foram desaparecendo

Só lhe restando a Ilha do Sol

E poucos nudistas por lá aparecendo



89



Começou então o envolvimento

De Luz com Júlio pescador

Que era forte e analfabeto

Ficando ao seu dispor

Os dias de glória de Luz

Perdiam o seu esplendor



90



O último amor de Luz

Foi um guarda portuário

Chamado Hélio Luís da Costa

Homem de hábitos vários

Deixando os poucos amigos de Luz

Preocupados e muito temerários



91



Os amigos receosos

De algo acontecer

Com Luz, sozinha na ilha

Sem ninguém a lhe socorrer

Se acontecesse algo grave

O que não demorou a se suceder



92



Que os amigos nada temessem

Luz falava categoricamente

“Sou uma Luz que não se apaga”

Dizia de forma convincente

E assim foi levando a vida

Não dava trela ao perigo eminente



93



Era o ano de 1967

O trágico fim se aproximava

Pois sua morte foi tramada

Luz seria assassinada

Em 19 de julho deste fatídico ano

E a polícia não pôde fazer nada



94



A vingança foi a causa

De sua cruel morte

Junto com seu caseiro Edgar

Luz não teve nenhuma sorte

Dois irmãos assassinos

Nos corpos deixaram profundos cortes



95



Os nomes de seus algozes

Resolvi deste cordel omitir

Pois não quero que os mesmos

Fiquem impressos ao porvir

Suas ações fizeram um luto

Que o nudismo custou suprimir



96



Depois de ter sido “convertido”

Um dos assassinos escreveu

Um relato descarado

De tudo que na Ilha aconteceu

Naquele trágico episódio

Onde Luz Del Fuego faleceu



97



Seu legado inconteste

No nudismo foi fortalecido

E depois da ditadura

Seus trajetos foram reconhecidos

Da praia do Pinho a Tambaba

Novas áreas de nudismo têm surgido



98



No Rio temos Abricó

Em Floripa a Galheta

Todas áreas de naturismo

Onde estar nu não dá “treta”

A vida de Luz Del Fuego

Serve de exemplo e grandeza



99



Passando por Massarandupío

Barra Seca e outros locais

E ainda recantos e clubes

Onde o naturismo possui um cais

Um lugar para aportar

Projetar seus ideais







100



O nudismo tem sido acolhido

Até na floresta amazônica

Lá existe o GRAÚNA

Grupo que faz do naturismo sua tônica

Que busca nas origens indígenas

Uma nudez social orgânica



101



De algo temos certeza

Em relação ao naturismo organizado

Sua força está crescendo

A Lei Gabeira está ao seu lado

Garantindo a todo naturista

O direito de não ser importunado



102



Termino aqui este relato

Da trajetória desta artista formosa

Que do nudismo foi pioneira

E teve vida gloriosa

A todos os meus leitores

Deixo um abraço e uma Luz vistosa.



FIM



Manaus, Março e Abril de 2005.



Bibliografia de referência

AGOSTINHO, Cristina. Luz Del Fuego: a bailarina do povo. RJ, Best Seller, 1992.

Site http://memoriaviva.digi.com.br acessado em 27/3/2005.

Conheça o NATURISMO AMAZÔNICO:

http://www.graunaam.com.br

No Orkut procure a comunidade: NATURISMO EM MANAUS.

Nosso blog: http://naturismoamazonense.blogspot.com

Graúna-Am (Grupo Amazônico União Naturista)

O PIONEIRO DO NORTE NATURISTA NA NET!

Observação: este cordel foi publicado pela Editora Acauã no ano de 2005, sendo lançado com o patrocínio da SONATA, no Estado da Paraíba.

Atualizado em 16 de janeiro de 2011.

Jorge Bandeira:   vicaflag@hotmail.com

Um comentário:

  1. Ver esse blog atualizado é um alívio. Tomara que não deixe de ser atualizado.
    Certamente que não postarei com a tua frequência de postagens em meu blog. Agora estou mais dedicado aos estudos, tenho 3 blogs pra administrar (ainda estou enrolando os Quadrinheiros, pois eles querem que eu faça o 4° pra administrar), colaboro com outro com postagens esporádicas, tenho 6 constas de e-mails, participo de 4 mailists e de 5 grupos (um deles o Graúna). Mas quando tiver um tempo pra respirar, darei uma olhada por aqui.
    Abraços amigo, Jorge.

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